sexta-feira, 19 de julho de 2013

sujeitar as crianças a experiências científicas é bom

Uma das coisas fantásticas de se ser pai é poder realizar experiências como esta nos próprios filhos:

Ainda não discuti o assunto das experiências com a Plaft porque já sei que vai discordar e apresentar objecções. Não me espanta. A ciência, desde de que existe, encontrou sempre resistências nos poderes instituídos que procuram, pela perpetuação da ignorância, manipular as mentes das massas. Há também, hoje em dia, uma maior consciencialização do sofrimento infligido em experiências com cobaias, ratinhos e bebés. Contudo, basta de hipocrisias. Todos filhos são cobaias dos pais O Pai Natal,  que mais não é do que uma experiência controlada em que se procura condicionar o comportamento da criança para que seja bom de acordo com a normal moral vigente e que facilite a nossa própria tarefa educativa, recorrendo ao estímulo psicológico positivo na forma de presentes na árvore (ou pelo estímulo reciprocamente negativo da ausência de presentes na árvore)? Os exemplos de experiências são intermináveis, nem me ponham a falar do sistema educativo ou da filiação clubística, por exemplo. A não ser que deixemos a criança viver em liberdade num bosque para que seja adoptada por um casal de ursos ou uma matilha de lobos (como era suposto e desejável - não contei à Plaft mas os meus passeios de BTT pela tapada de Mafra mais não são do que scouting de um bom day care) estaremos sempre a fazer experiências com ela. A diferença, comigo, é que as experiências serão relativamente inofensivas e controladas. Pelo menos, eu saberei o que estou a fazer e o condicionamento terá sempre em vista dotar a minha filha de qualidades que lhe permitam sobreviver melhor e ser mais feliz.

Dois exemplos:

Experiência nº1 -Objectivo: Não fazer birras de não querer andar
Já  todos vimos a situação: bebé chora, birra monumental, finca o pé, num local público e recusa-se a andar. Os pais, envergonhados, depois de desistirem de o tentar arrastar pelo braço e atrair ainda mais a atenção e olhares reprovadores sobre si, fazem normalmente a experiência de lhe dizer 'olha que ficas aí... olha a mãe está a ir embora... o pai está a ir embora, ficas aí, adeus...' O resultado nem sempre é eficaz e o problema é que a inconsistência da ameaça é muito difícil de obter, isto é, os pais não podem cumprir a ameaça por medo de perder efectivamente o filho e voltam para trás se ele se recusa a andar, prejudicando futuras tentativas de usar o mesmo método. A experiência consiste em pedir a alguém que tenha um aspecto mais ou menos de confiança (exemplo, outro pai que esteja a ver a cena e tenha empatia connosco) que simule o rapto da criança, colocando-a na bagageira de um carro (apenas durante breves momentos +-30 segundos) assim que desaparecemos do campo de visão. Depois os pais deverão abrir a bagageira do carro e dizer algo como "desta vez encontramos-te, mas para a próxima podes ficar aí dentro para sempre". É de esperar que ao fim de algumas simulações, a criança evite fazer birras e se mantenha bem perto dos pais sempre que estes se afastem.


Experiência nº2 - Ser do Benfica
Inspirei-me num caso real que me contaram e que considero muito bem pensado. Passa por, sempre que brincarmos juntos a algo minimamente competitivo, sermos alternadamente do Benfica e do Sporting. Quando ela for do Benfica e eu do Sporting, ela ganha sempre, pois farei de propósito para perder. Vou também queixar-me e chorar e, sobretudo, acusá-la sempre de batota. Quando for a vez dela ser do Sporting e eu do Benfica, serei impiedoso e vou-lhe impor copiosas derrotas, nem que tenha de treinar músicas do Justin Bieber no Just Dance na Wii às escondidas, mas terei bom ganhar e serei magnânimo.

1 comentário:

Ana disse...

Quanto à experiência n.º 2... eu pensava que a ideia era reproduzir a realidade... ah, já percebi: assim, como é que a Júlia alguma vez se tornava adepta do Desportivo da Pontinha? :-)